Afinal qual é a exposição de Portugal à crise?

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Taxas de juro e a Euribor devem baixar já em 2009

Costuma dizer-se que quando o Novo Continente espirra, a Europa constipa-se. Mais uma vez, a história vem comprovar a teoria. Em tempos de globalização e inserido na União Europeia, Portugal não sai ileso. Em entrevista à Agência Financeira, o presidente da Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF), Raul Marques, fala sobre os efeitos da crise no nosso país, mas diz que estes têm os dias contados. As taxas de juro e a Euribor devem baixar já em 2009.

Que efeitos tem a crise dos EUA em Portugal e até onde estes poderão ir?

Actualmente os mercados são globais e estão fortemente ligados, pelo que a situação originada no chamado mercado hipotecário «subprime» nos Estados Unidos há cerca de 12 meses tem vindo a provocar uma grave crise de confiança no sistema financeiro mundial, com efeitos perniciosos sobre as taxas de referencia Euribor, que se situam muito acima da taxa de referência do Banco Central Europeu (BCE). No entanto, é provável que, com o aliviar progressivo das tensões inflacionistas que têm preocupado o BCE, haja condições para alguma redução das taxas de intervenção do BCE no próximo ano, para além de que, com a estabilização da confiança nos mercados, também o diferencial entre essa taxa e as taxas Euribor deve diminuir em 2009.

Quais os sectores mais e os menos penalizados?

O sector mais penalizado no mercado accionista tem sido o financeiro, devido à origem e às características da crise actual, sendo o sector petrolífero e de recursos naturais o mais beneficiado com o ciclo de subida dos preços das «commodities» verificado nos últimos anos. Com a estabilização dos mercados financeiros os sectores de banca e seguros serão provavelmente os mais beneficiados.

Para quando se espera um fim deste «bear market» (colapso generalizado das acções)?

Nunca é possível definir expectativas temporais precisas para o final de um «bear market» ou de um «bull market». O que hoje é possível é antecipar que as medidas vigorosas agora adoptadas pelas autoridades norte-americanas permitam inverter progressivamente a tendência negativa dos mercados ao longo dos próximos meses, criando condições para uma evolução positiva a prazo.

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